Nasceu na cidade de Chambéry, capital da Saboia, província pertencente ao antigo Reino do Piemonte-Sardenha, a 1º de abril de 1753; faleceu em Turim, capital do mesmo Reino, a 26 de fevereiro de 1821. Escritor, estadista, publicista, ensaísta, jurista e diplomata, é, inegavelmente, um dos mais representativos nomes do ultramontanismo católico e um dos maiores estilistas da língua francesa. Tendo estudado Direito em Turim, retornou à cidade natal (1772) para assumir funções na administração do Estado sardo. Em 1786, casou-se com Françoise de Morand, da nobreza local, de cuja enlace matrimonial, que se estendeu por toda a vida do escritor, adviriam três filhos. Em 1788, é nomeado senador da Saboia. Entre os anos de 1773 e 1793, envolveu-se com a maçonaria, da qual veio a afastar-se com a compreensão do fenômeno revolucionário. Com a invasão das tropas revolucionárias francesas ao Reino do Piemonte-Sardenha (setembro de 1792), Maistre emigrou com a família para os Alpes. Em dezembro, retorna com a esposa a Chambéry, para evitar o confisco das propriedades da família pela Convenção Nacional francesa. Mesmo sob constantes riscos, em momento algum transigiu com a nova ordem, guardando absoluta fidelidade à sua fé e ao seu soberano. Em abril de 1793, emigra em definitivo da Saboia, desta vez para Lausanne, na Suíça, onde desempenha grande atividade como escritor e publicista, combatendo duramente a ideologia revolucionária e defendendo reformas prudenciais no âmbito das instituições do Antigo Regime. Em janeiro de 1797, retorna a Turim. Em dezembro de 1798, deixa novamente Turim, passando sete meses em Veneza. Em setembro do ano seguinte, é nomeado regente da ilha da Sardenha. Em outubro de 1802, o rei Vítor-Emanuel I nomeou Maistre para o posto de embaixador da monarquia sarda junto ao império russo. Depois de ter sido recebido pelo Papa Pio VII no Vaticano, desembarcou a 13 de maio de 1803 em São Petersburgo, onde ficaria por quatorze anos, num período marcado por importante e fecunda atividade intelectual, política e diplomática. Em 1817, regressou a Turim a pedido do rei da Sardenha, em face da pressão exercida por influentes aristocratas russos e observadores do rito ortodoxo, incomodados com o bem-sucedido proselitismo católico de Maistre junto à Corte russa. Em julho do mesmo ano, é recebido, em Paris, pelo rei Luís XVIII. A 17 de agosto, é recebido, em Turim, pelo seu rei. Em dezembro de 1818, é nomeado ministro de Estado e Régent de la Grande Chancellerie do reino piemontês-sardo (acumulando as prerrogativas de vice-chanceler e ministro da Justiça), funções que desempenharia até o dia 24 de julho de 1820, quando foi acometido por uma repentina crise de saúde que o obrigou ao recolhimento de sua casa. Sofre um derrame em dezembro. No dia 25, pediu para não mais lhe administrarem os medicamentos; solicitou a leitura do Evangelho de São João e dos Salmos. Após receber os últimos Sacramentos, Joseph de Maistre faleceu a 26 de fevereiro de 1821. As mais importantes obras do Conde Joseph-Marie de Maistre serão publicadas em língua portuguesa pela Livraria Resistência Cultural Editora, com tradução do scholar maistreano José Miguel Nanni Soares.